O Brasil vive a realidade de uma acessibilidade deficiente, que precisa ser mudada. A acessibilidade com segurança deve ser uma meta na concepção de projetos elaborados por engenheiros, arquitetos, urbanistas e desenhistas industriais que projetam ambientes que impõem barreiras desnecessárias prejudicando a performance do usuário. Desníveis, largura de portas, mobiliário e materiais de acabamento devem ser definidos com base na NBR9050/04 e nos princípios do Desenho Universal, ampliando assim a interação do usuário com o ambiente.
Recentemente estive em um prédio público, projetado e concebido para ser a secretaria municipal da pessoa com deficiência, a edificação aparentemente é acessível. Se indagarmos o ex-prefeito ou o arquiteto responsável, com certeza a resposta será: é totalmente acessível! Pois bem, encontrei pisos táteis direcionais e de alerta por quase todos os caminhos, porém a rota poderia estar melhor definida. Os corrimãos das escadas quase atendem a norma. Os sanitários para PCD, possuem barras de apoio, claro, mas não estão fixadas nas alturas corretas, as vezes não é o modelo adequado, e por aí vai. A edificação não é térrea, possui alguns andares, então instalaram elevadores, muito bem! Como eu disse, totalmente acessível, ou quase, faltou apenas um detalhe: Rampas!
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Imaginem um prédio, com 30 ou 40 pessoas com deficiência que trabalham no local todos os dias em todos os andares, pois bem; alguém já notou uma placa de alerta afixada ao lado do elevador que diz, em caso de incêndio NÃO utilize o elevador. Como as pessoas com deficiência evacuarão o prédio se não há elevador?
Além do fator segurança, o projeto deve levar em consideração que o ambiente físico influi na adaptação humana e um ambiente não adequado à capacidade do usuário pode tornar cada vez mais difícil a execução de tarefas simples. É indiscutível a interação constante entre os espaços, pessoas e atividades, tomar atitudes para garantir a realização de tarefas de forma confortável e facilitada e a integração segura e eficiente do usuário com o ambiente deve ser uma premissa do projeto arquitetônico e baseado nos princípios de Desenho Universal.
A aplicação do Desenho Universal nos projetos vai além das especificações mínimas previstas em normas, códigos e leis e propõe criar espaços seguros, igualitários e confortáveis, sem estereótipos, atendendo de forma ampla e irrestrita a todas as pessoas, inclusive as com deficiência ou mobilidade reduzida. |