Focado na busca por soluções para os problemas enfrentados diariamente pelos portadores de necessidades especiais da Cidade, o 1º Fórum de Acessibilidade das Pessoas com Deficiência acontece quinta-feira, no auditório da Câmara de Mogi das Cruzes. Segundo a professora aposentada Rosivani Souza, 50 anos, que é cadeirante e idealizadora da ação, o objetivo do debate será propor soluções e apresentar ideias que resolvam de fato esses aspectos falhos e não apenas apontar os problemas que todos já conhecem.
O Fórum conta com o apoio do vereador Clodoaldo Aparecido de Moraes (PT), que já organiza reuniões com surdos e mudos na Câmara a fim de ajudá-los a criar uma associação própria, buscando o fortalecimento dessa parcela da sociedade.
Segundo informações do chefe de gabinete do parlamentar, Wagner Bondar, não existe uma pauta definida do que será discutido no Fórum, mas: “Será a arrancada para começar a falar sobre esses problemas com aqueles que passam por essas dificuldades de acesso, com quem convive dia a dia com isso”.
O Fórum será aberto ao público, portanto, quem quiser participar poderá entrar e compartilhar suas experiências, propor soluções ou expor ideias, mesmo que não seja deficiente, ressaltou Bondar. Rosivani conta ainda que irá realizar uma dinâmica durante o evento para que as autoridades possam sentir na pele o que uma pessoa com necessidades especiais enfrenta. Foram convidados representantes do Ministério Público, das secretarias de Saúde, Educação e Cultura, além de vereadores, o prefeito Marco Bertaiolli (PSD), a Associação de Surdos e Mudos, Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre outros.
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Rosivani explica que falta fiscalização sobre acessibilidade | Foto: Jonny Ueda |
PROBLEMAS
Rosivani, que é formada em Direito e está cursando Economia na UMC, recebeu o apoio do Instituto Acessibilidade “Essa luta é nossa” do ABC, para tornar possível a realização do Fórum.
Figura conhecida em todo o Estado de São Paulo, Rosivani é um exemplo na luta pelos direitos dos deficientes. Segundo ela, falta fiscalização: “Existem leis que asseguram a obrigatoriedade da acessibilidade em locais públicos, mas é só no papel”.
De acordo com a cadeirante, muitos pensam que acessibilidade se trata apenas de rampas e placas, mas vai muito além disso. “Por isso, às vezes, a fiscalização passa, vê que tem rampa e sinalização e acha que está bom. Mas ainda existem as barreiras de comunicação. Não tem intérprete, não há braile para os cegos”, exemplifica Rosivani.
Ela diz se sentir presa dentro de casa por causa da falta de adequação nas ruas da Cidade: “Não posso nem sair para passear com as minhas filhas”. A universitária ainda aponta os ônibus como pontos problemáticos, pois nem todos têm elevador para cadeirantes, e os que possuem, às vezes o equipamento não funciona.
A professora aposentada também revela outros aspectos de grande importância nessas discussões, como a falta de instrução por parte das pessoas que lidam com os deficientes. Nas escolas, por exemplo, há acessibilidade motora, mas não existe ensino especializado para as crianças especiais. “É preciso que mais acessibilidade nas escolas. Não tem intérprete, não tem libra, não tem braile”, diz a aposentada. Na saúde também, por falta de médicos especializados, deficientes não conseguem ocupar as vagas de emprego destinadas a eles, por falto do laudo médico atestando a deficiência. “A própria Justiça, a própria lei é deficiente”, conclui Rosivani. |