Matheus Vitor dos Santos, que nasceu prematuro aos sete meses e teve paralisia cerebral, hoje com 9 anos, é estimulado pelos jogos interativos de videogame que o ajudam na coordenação motora. Assíduo, o paciente não falta e marca presença nas sessões de gameterapia, que ocorrem todas as quintas-feiras à tarde, no CREM (Centro de Reabilitação Municipal), equipamento da Secretaria de Saúde de Santo André. O recurso tecnológico, implementado há três meses na rede municipal, ajuda no tratamento físico de crianças e adultos de uma forma diferente: menos dolorosa e mais lúdica.
|
Os resultados são visíveis não só no rosto como nos movimentos de Matheus. Com dificuldades motoras do lado esquerdo do corpo, o pequeno é capaz de mexer pernas e braços, ou até mesmo pular em uma minicama elástica, para orgulho da batalhadora mãe, Karina Santos da Silva, 26 anos, residente no Jardim Silvana. "Percebo que os movimentos dele estão melhores, inclusive o equilíbrio", afirmou a dona de casa. Para Matheus, empolgado, as sessões de reabilitação física viraram uma grande brincadeira.
"Os recursos da fisioterapia e da terapia ocupacional são utilizados com os jogos interativos", explicou a fisioterapeuta Débora Melo, coordenadora do CREM. No momento, são 20 pacientes que fazem parte do tratamento com a utilização de doisgames - um Nintendo e um Xbox 360. Os jogos, que requerem movimentos sensíveis e precisos exibidos em um aparelho de televisão, reproduzem atividades semelhantes da vida diária. Entre eles, exercícios aeróbicos, como uma simples caminhada, ou atividades esportivas, como uma descontraída partida de boliche.
Cada sessão de gameterapia dura 40 minutos. A terapeuta ocupacional Francis Gonçalves Botareli ressaltou que os jogos interativos contribuem para o desenvolvimento da coordenação motora global e fina. Ou seja, movimentos mais específicos. Rafael Cainan Ferreira, 20 anos, que tem paralisia cerebral, é um exemplo prático de superação. No jogo que representa uma prova de natação, o jovem já consegue fazer os movimentos de braçadas, antes impossíveis. Sem falar que o seu equilíbrio melhorou satisfatoriamente.
Para a fisioterapeuta Milene Regina Spinosa, a gameterapia é um recurso dentro de um tratamento mais complexo. O game propicia uma mescla para gerar movimentos automáticos, ao aliar força muscular, equilíbrio e atenção. "O paciente vai trazendo a melhora no dia a dia. A utilização desse recurso, porém, é avaliada pelos profissionais da área de reabilitação física e motora.
Além de entreter e divertir os pacientes, os videogames auxiliam na recuperação da concentração e da coordenação motora. Rafael e Matheus fazem tratamentos de reabilitação desde bebês, mas se mostram mais motivados com o novo recurso tecnológico oferecido pela Administração. Como todo jogo, o desafio é maior para realização das provas. Prova disso é que até a quantidade de faltas diminuiu.
A história de vida de Phelipe Silva de Oliveira, 22 anos, é bem diferente dos registros de Matheus e Rafael. Um grave acidente de motocicleta em julho de 2012, deixou o jovem com dificuldades para andar e o levou para o CREM, onde faz tratamento nos setores de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicologia e Fonoaudiologia. Ali, conheceu a gameterapia há três meses, modalidade que ganha adeptos em hospitais, clínicas de fisioterapias e até em clubes esportivos, para auxiliar na sua recuperação. "Até pular, que eu não conseguia mais, estou fazendo por causa do jogo", afirmou o gerente de estacionamento. |