Acredito que a velocidade com que vivemos os nossos dias não nos deixa muito tempo para pensar nas dificuldades de acesso a instrumentos tão básicos de vida de pessoas diferentes. Ao lermos um qualquer anúncio, jornal, legenda, ou qualquer escrita, falha-nos o pensamento nos que, estando na escola, não têm acesso igual!
Por isso a educação inclusiva constitui um dos grandes desafios de todos os que trabalham em educação, devendo o processo de ensino-aprendizagem ser predominantemente orientado pelos princípios de igualdade de oportunidades educativas e sociais a que todos os alunos têm direito. A criança/jovem com necessidades educativas especiais tem o direito de ser educada (o) num ambiente regular, de qualidade, que respeite as suas necessidades e características.
Como se preconiza na Declaração de Salamanca, as escolas inclusivas devem reconhecer e dar resposta às necessidades diferenciadas dos alunos, tendo em conta os diversos estilos e ritmos de aprendizagem, assegurando a qualidade educativa através de currículos adequados, de adaptações organizacionais, estratégias de ensino e parcerias com a comunidade.
As práticas pedagógicas mais tradicionais, centradas no professor e dirigidas ao grupo/turma como um todo, têm ignorado esta premissa e a importância das necessidades, expectativas, forças e estilos de aprendizagem do aluno individual, apresentando, consequentemente, dificuldades em dar resposta à diversidade dos alunos. Essa diversidade exige que a escola não se limite a oferecer uma igualdade de oportunidades em termos de acesso à educação. A diversidade dos alunos exige novas formas de organização das escolas e do trabalho de sala de aula, isto é, uma diversidade de respostas no processo de ensino-aprendizagem.
O Agrupamento de Escolas André Soares é frequentado por alguns alunos que apresentam combinações de acentuadas limitações, as quais põem em grave risco o seu desenvolvimento, levando-os a experienciar graves dificuldades no processo de aprendizagem e na participação nos diversos contextos em que estão inseridos: educativo, familiar e comunitário.
Constituem um grupo muito heterogéneo e, consequentemente, são alunos com necessidades de aprendizagem únicas e excecionais que evidenciam um quadro complexo e precisam de apoio permanente na realização da maioria das atividades quotidianas.
Por este motivo aceitamos uma parceria para o desenvolvimento de um projeto que permite dotar as bibliotecas escolares de recursos adequados, em diferentes formatos acessíveis aos alunos com necessidades especiais de aprendizagem e desenvolver boas práticas de promoção da leitura, tendo em conta as capacidades e necessidades individuais dos alunos. Trata-se de um projeto inovador no âmbito da leitura inclusiva, que surgiu de uma necessidade já há muito sentida pelo agrupamento.
Certos de que o contacto com os livros e as diferentes formas de interagir com o livro, possam potenciar um maior estímulo para aprendizagens e desenvolvimento global do indivíduo, candidatamo-nos ao projeto Todos Juntos Podemos Ler, envolvendo um total de 31 alunos inseridos nas escolas do agrupamento.
O projeto Todos Juntos Podemos Ler, para além de promover a leitura e a literacia, junto dos alunos com necessidades educativas especiais, pretende ser um espaço de partilha de experiências, de saberes e de materiais pedagógicos, criando bibliotecas escolares inclusivas que proporcionem reais oportunidades de leitura para todos os alunos.
Acreditamos que 2014 trará mais e melhores leituras também a estes nossos alunos. E é através do projeto Todos Juntos Podemos Ler que damos mais um passo para mudarmos a forma de encarar a diferença! |