Diariamente milhões de pessoas com deficiência buscam auxílio para superar as adversidades de sua limitação física, seja para locomoção em casa ou transitar em área pública. Simulando a rotina de cadeirantes e portadores de deficiência visual, gestores públicos de Porto Real realizaram um gesto de solidariedade ontem ao trocar de lugar com estas pessoas, ainda que por alguns minutos.
Durante a manhã, no Horto Municipal, a prefeita Maria Aparecida da Rocha Silva, a Cida (PDT) e o vice-prefeito, José Roberto Pereira (PSD) reuniram secretários de governo e representantes da sociedade que auxiliam pessoas com deficiência, além dos próprios deficientes que utilizam o Horto Municipal como área de lazer. O objetivo foi explicar a prioridade da acessibilidade nas obras públicas através do projeto VivaCidade e, tentar entender sob o ponto de vista das pessoas com deficiência, o grau de dificuldade na locomoção em via pública.
A prefeita Cida cumpriu um percurso de aproximadamente 150 metros da pista de caminhada utilizando uma cadeira de rodas. Seguida do vice-prefeito, simulou a rotina de um portador de deficiência visual, com a visão coberta por uma venda ele recorreu a uma muleta para tentar se orientar. Durante o percurso, as dificuldades relatadas pelos gestores em sua simulação eram registradas por um servidor. De forma unânime, o principal desafio relatado por eles foi o desnível do pavimento.
A prefeita, por exemplo, garantiu que a partir da experiência inédita suas ações no setor da acessibilidade serão intensificadas.
“Hoje estou bem, amanhã posso ser uma cadeirante ou uma deficiente visual. No meu governo a preocupação é com todos. Quando fui vereadora trabalhei neste projeto, que virou lei. Como prefeita tenho a felicidade de colocar em prática. O deficiente não sai de casa, não tem lazer muitas das vezes porque não consegue transitar sozinho. Vamos tornar Porto Real uma cidade modelo quanto à acessibilidade, não queremos descriminar ninguém, todos tem o direito de ir e vir”, disse, que após guiar uma cadeira de rodas recebeu o carinho dos demais cadeirantes que a acompanhavam. “Fiz um pequeno trecho e o esforço físico é imenso, é preciso poder nos braços para dar equilíbrio, pois a cadeira derrapa em alguns movimentos. Nunca tinha passado a experiência de estar no lugar de uma cadeirante. O esforço físico é tremendo e tudo isso só amplia minha determinação para lutar e deixar Porto Real preparada para atender a todos os cidadãos”, argumentou.
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Cida circulou pelo Horto Municipal como cadeirante e José Roberto como deficiente visual. |
PROJETO VIVACIDADE
Na busca pela reformulação que pode transformar o município em modelo de acessibilidade urbana, a prefeita criou em 2013 o projeto VivaCidade, uma parceria entre a Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP) e da Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A ação visa criar soluções para os espaços do município em acordo com as pessoas que vivem e trabalham na cidade. Dentre as propostas para o crescimento ordenado da cidade nos próximos 30 anos, o VivaCidade definiu a acessibilidade como fator de alta relevância pela inclusão social. Ao todo, o projeto deve englobar R$ 28 milhões em recursos próprios com pacote de 14 obras de infraestrutura e saneamento, tendo como prioridade a acessibilidade com novas calçadas.
Responsável pela coordenação do VivaCidade, o secretário de Obras, Urbanismo e Infraestrutura, Norival da Silveira Diniz, também simulou a rotina de um cadeirante pela pista de caminhada do Horto Municipal. Os desníveis no pavimento obrigando esforço físico e a atenção constante do cadeirante foram alvos de comentário e fonte de elogio pela superação destas pessoas diariamente.
“Nunca tinha vivido uma experiência como essa, ser cadeirante. O Projeto VivaCidade foi definido pela comunidade para os próximos 30 anos e surgiu a preocupação com a acessibilidade.
Esta nossa iniciativa, vivendo na pele, no pequeno trecho percorrido já comprova o quanto é árduo o desafio de superar os desníveis seja da rua ou das calçadas, controlar a velocidade da cadeira, enfim. Neste sentido de melhorar a infraestrutura para a acessibilidade temos 16 quilômetros de calçada na cidade já licitadas: Nova Colônia, Freitas Soares e Bairro de Fátima.
Iniciamos as obras pelo Bairro de Fátima, o Freitas Soares e um pedaço do Jardim das Acácias”, informou Norival, que estende a preocupação com a acessibilidade aos prédios públicos.
“Estamos em fase de emissão da ordem de serviço das obras, preocupados com a acessibilidade nas vias públicas e também nos logradouros públicos, como as escolas em reforma e o Palácio 5 de Novembro. A prioridade não é só o design, a arquitetura e beleza, mas principalmente a acessibilidade. Essa é nossa bandeira”, explicou.
ELOGIOS
A postura dos gestores públicos emocionou os cadeirantes que acompanharam a simulação e o anúncio de novas obras de acessibilidade. A cadeirante Maria Isabel Lobato de Souza, moradora do bairro São José aprovou a iniciativa.
“Foi muito bom observar a sensibilidade da prefeita Cida em se colocar na nossa condição. Essas cadeiras que usamos são pesadas e os braços doem muito. Espero melhorias na área de acessibilidade, moro na cidade há 45 anos e nunca vi uma atitude igual a essa, a nosso favor”, frisou. |