Na hora de definir uma viagem, o turista com deficiência leva em conta não só a acessibilidade, mas também preços competitivos, existência de locais com aspectos históricos e culturais interessantes, gastronomia típica, paisagens raras e condições do transporte local. É o que aponta o Estudo do Perfil de Demanda da Pessoa com Deficiência realizada pelo Ministério do Turismo, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Unesco.
O estudo foi realizado com cinco grupos focais, formados por pessoas com os quatro tipos de deficiência (visual, auditiva, física e intelectual); foram feitas também entrevistas em profundidade, entre os dias 13 e 20 de maio de 2013. Os participantes, num total de 80 pessoas, moravam nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, principais centros emissores de turistas.
O planejamento foi um dos aspectos mais citados pelos participantes da pesquisa para minimizar imprevistos e custos, além de dar maior “segurança”. “As pessoas com deficiência experimentam sentimentos de fragilidade e vulnerabilidade nos destinos, por isso elas sentem mais necessidade de planejar a viagem do que o turista comum”, explica o ministro do Turismo, Gastão Vieira.
Entre os principais resultados, destaca-se ainda que a internet é o principal canal de comunicação utilizado pela pessoa com deficiência: é utilizada por todos os pesquisados e o tempo gasto navegando varia entre uma hora e 16 horas por dia.
Já sobre os canais de comercialização utilizados, verificou-se uma preferência pela utilização de pacotes ofertados por agência ou operadora de viagens ou por viagens organizadas por grupos de trabalho, associações ou igrejas. Esses canais oferecem maior segurança em caso de imprevistos durante a viagem. Aqueles que são autoguiados, ou seja, que contratam diretamente o produto ou serviço turístico, possuem uma característica recorrente: fazem-no sempre por intermédio de um amigo ou parente e geralmente viajam acompanhados.
A pesquisa mostrou também que as informações disponíveis sobre os locais que os turistas com deficiência gostariam de visitar não têm o detalhamento necessário. Para eles é difícil encontrar informações sobre a estrutura física de hotéis, restaurantes e pontos turísticos (existência de rampas e adaptação dos espaços para acesso de cadeira de rodas) e existência de pessoal qualificado para atendê-los. Por isso, o Ministério do Turismo vai lançar em 2014 um aplicativo para celular e tablet com atrações turísticas e estabelecimentos avaliados pelas próprias pessoas com deficiência.
A maior parte dos entrevistados costuma realizar viagens com duração média de uma semana, sendo que a frequência gira em torno de 2 a 4 vezes ao ano. Para o coordenador-geral de acessibilidade da Secretaria de Direitos Humanos, Sérgio Paulo Nascimento, um dos pontos que chamam a atenção na pesquisa é que as pessoas com deficiência têm muito interesse em viajar e têm a mesma renda que as demais, no entanto são pouco vistas pelos empresários. “Há uma miopia do trade turístico em relação às pessoas com deficiência. Não é um público pouco relevante, são 45 milhões de pessoas”, ressaltou. |